Examination of a Witch - T. H. Matteson, 1853
Existem em todo o mundo práticas de magia tradicionais que são chamadas de bruxaria (witchcraft, em Inglês). São rituais quase sempre ligados ao folclore e à adoração de divindades ligadas a natureza. Com o passar do tempo, a denominação de bruxo ou bruxa passou a designar o praticante de alguma religião pagã, e não apenas de cultos como o xamanismo ou a umbanda.Com a chegada da "Nova Era" (New Age) no século passado, surgiram diversas filosofias e sistemas de crenças baseados no culto à fertilidade e a divindades como a Grande Mãe. Uma delas é a Wicca que, embora seja uma precursora do neopaganismo e chamada de "A Antiga Religião", é uma religião relativamente nova.
Portanto, Wicca e bruxaria não são sempre sinônimos. Há bruxos que praticam outras religiões e, embora existam argumentos de que as origens da Wicca possam ser encontradas na pré-história, a verdade é que essa herança pode ser reclamada por várias outras tradições místicas. Os ritos da Wicca tendem a ser muito formais e escritos previamente enquanto que, na Bruxaria Tradicional, a maioria dos rituais são espontâneos e muito menos estruturados.
A Wicca subdivide-se em diversas correntes. Vamos saber um pouco sobre duas das mais importantes:
Tradição Gardneriana - Gerald Gardner, um funcionário público inglês, foi o homem que fez da Wicca uma religião formal. Ele afirmava ter sido iniciado em 1939 numa tradição de bruxaria religiosa que seria uma continuação do Paganismo Europeu. A Wicca gardneriana exige a iniciação dentro de um coven imbuído de ancestralidade. É cheia de regras, como a nudez ritual, e de mistérios. Nela, surge o "Livro das Sombras" como um registro sigiloso de textos sagrados e práticas místicas que passa de sacerdote para sacerdote.
Tradição Alexandrina - Fundada pelo inglês Alex Sanders, que dizia ter sido iniciado por sua avó no início do século passado. Segundo Sanders, ela seria descendente de uma antiga linhagem de bruxas. Os alexandrinos também observam os ritos das estações do ano, mas nem todos trabalham com magia cerimonial. A sacerdotisa, representante do princípio feminino, é a figura central das cerimônias, e também há a participação de Sacerdotes (princípio masculino).
Os Anciãos são importantes: eles decidem quem pode ser iniciado como Sacerdote ou Sacerdotisa. Essa tradição cultua os antigos deuses da Europa, como a Senhora da Lua e seu Consorte, o Deus Cornífero. Desde que conectados com essas deidades e com os ritmos da natureza, os alexandrinos são livres para praticar suas crenças em covens ou como solitários. Acreditam que a magia fornece poderes para atingir os objetivos de seus praticantes.
Existem ainda outras correntes, como a Wicca Celta, Faery Wicca, Wicca Saxônica, Wicca Diânica, etc.
Um autêntico wiccan ou neopagão poderiam ver em Charmed muitas incorreções, mas não se pode negar que a série usa diversos elementos de neopaganismo, como o próprio conceito de um Livro das Sombras e da Wiccan Rede e certos aspectos da magia ritual.
A Rede:
A religião Wicca tem uma "Rede" ou "regra de ouro" que forma a base da ética wiccana. Ela dita o seguinte: "faça o que quiser, desde que não prejudique a nada nem ninguém." A bruxaria tradicional não tem essa regra: é completamente ambígua e regida pelas circunstâncias.
Em Charmed, há uma pequena corruptela da Rede: "no personal gain", ou seja, sem ganho pessoal. As meninas acreditam que não podem usar seus poderes diretamente em proveito próprio. Convenhamos que, se um demônio ataca e elas o eliminam, estão tirando proveito de seus poderes...
O Livro das Sombras:
É outro dos elementos da Wicca que Charmed tomou emprestado. Porém, ele também é uma invenção moderna: muito antigamente entre os praticantes tradicionais da Arte Secreta, ter evidências escritas do que você fazia era uma sentença de morte se você fosse pego. Além disso, a maior parte das pessoas não sabia ler nem escrever.
Mas vamos saber mais sobre O Livro das Sombras no próximo post...
Nenhum comentário:
Postar um comentário